domingo, 31 de julho de 2011

MACUNAÍMA: MEU PRÍNCIPE TORTO

Fonte da Imagem: http://teatroempauta.wordpress.com

Macunaíma é o livro pelo qual me apaixonei na adolescência. Com quatorze anos, eu não poderia imaginar que um livro com uma escrita tão complicada fosse me envolver tanto. Na realidade, o que vi nesta bela obra foi a descrição clara e contundente da vida de muitas pessoas simples e lutadoras. É uma belíssima história "torta".

Este é o trecho do romance de Mário de Andrade do qual mais gosto:


A origem das três raças também tem a sua lenda

"Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e Macunaíma se lembrou de tomar banho. Porém no rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de quando em quando na luta pra pegar um naco de irmã espedaçada, pulavam aos cachos pra fora d’água metro e mais. Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco, louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas.

Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou:

Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e ante fanhoso que sem nariz.

Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa. Macunaíma teve dó e consolou:

Não se avexe, mano Maanape, não se avexe não, mais sofreu nosso tio Judas!"


Trecho copiado do site http://www.coladaweb.com.

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