GOTAS - Gê Muniz
Fonte Imagem: my.opera.com |
Gotas caem em pedra morta
Liquefazendo a rua deserta
Em si mesmas são só enxurrada
A umidade, em si, nada desperta
Nada de ilusão, riso ou destempero
Pois não é mais que respingo
A correr enxurro burro ao bueiro
Duma pluviosa manhã de domingo
Ignora que bruxuleia com o sol
Ou que espelhará, em poça, a lua
Inconsciente segue sua procissão
De manar cega, esguelha, à rua
Água, água mole em pedra rota
Bates, bates, e, enfim, perfuras
Um certo dia tu foste gota
De muito te tornaste poema...
Mas, em verdade, só corres,
Corres apenas, nada tua
Insípida, inodora, diáfana, crua
Gota em pedra morta: nem morrer podes
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